Atuando pela primeira vez em uma competição oficial fora da Oceania, o
Taiti precisou de apenas 90 minutos para mostrar ao mundo o (pouco) que
pode fazer. Com um futebol ingênuo e despretensioso, a seleção da
Polinésia Francesa conquistou a simpatia das cerca de 20 mil pessoas que
foram, ontem, ao Mineirão, mas não conseguiu evitar um massacre.
Goleado pela Nigéria por 6 a 1, o “patinho feio” da Copa das
Confederações perdeu o jogo, mas não o sorriso. E, de Pernambuco,
recebeu o reconhecimento de quem conhece quando o assunto é mau futebol:
Mauro Shampoo, ícone do Íbis, o folclórico pior time do mundo.
—
Nós, pelo menos, parecíamos jogadores. O Taiti não sabe nem o que é uma
bola. E essa história de trabalhar não é desculpa. Além de mim, que sou
cabeleireiro, o nosso time tinha pedreiro, pintor e até delegado. Eles
são os piores — disse, por telefone, Mauro Shampoo, camisa 10 e capitão
da “geração de ouro” do Ibis, que atuou entre as décadas de 80 e 90.
Presa
fácil durante toda a partida, o Taiti só não perdeu por um placar mais
elástico porque os nigerianos tiraram o pé do acelerador. Após abrir 3 a
0, em menos de 30 minutos de jogo, os campeões africanos só acordaram
no segundo tempo, quando Jonathan Tehau diminuiu a diferença e encheu de
esperanças a torcida no Mineirão, simpática ao azarão.

Mas o abismo técnico era enorme e, calando os gritos de “Ih, ih, ih,
seleção do Taiti”, a Nigéria mostrou que o repertório de gols ainda
estava longe de acabar. Foram mais três, em um intervalo de 12 minutos,
com direito a um bom número de chances perdidas. O suficiente para
encorajar o Íbis a pleitear uma vaguinha na próxima edição da Copa das
Confederações.
— Tenho 56 anos, jogo futebol há muito tempo, mas,
ao contrário do Taiti, que venceu naquele cafundó lá (Oceania), nunca
fui campeão. Título mesmo, só tenho o de eleitor, que acho que, para
disputar esse campeonato, já é mais do que suficiente. Imagina o duelo
entre Íbis e Taiti! Ia ser uma partida arretada. Acho que essa a gente
vencia — analisou o experiente Shampoo, sonhando aumentar a marca de
gols que tem na carreira: — A última e única vez que balancei a rede foi
em 1980, num jogo contra a Ferroviária. O estádio do Arruda estava
vazio e abri o placar. mas eles viraram para 8 a 1. Contra esse time do
Taiti, tenho certeza que fazia pelo menos mais um. E, ao contrário do
que fizeram no passado, quando me acusaram de estar mentindo e de o meu
gol ter sido contra, dessa vez, com a casa cheia, ninguém ia poder me
sacanear. Ia passar até na TV.
Enquanto o tira-teima contra o Íbis
não é possível, o Taiti chega ao Rio nesta terça-feira, onde medirá
forças com a Espanha, na quinta-feira, às 16h, no Maracanã. Os cariocas
que se preparem, porque vem muitos gols por aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário