Pan-Americano da modalidade acontece no fim de semana, no 'Força Bruta', evento do ator americano Arnold Schwarzenegger. Brasileira é grande aposta.
São 28 horas semanais de treinamento, dores musculares e muito estresse. Quem ousar dizer que o pole dance não é um esporte vai se deparar com uma fileira de beldades de cara amarrada. Em um trabalho muito técnico e até doloroso, elas buscam mais do que medalhas e premiações. Também querem divulgar e, sobretutdo, explicar ao grande público como funciona a modalidade. Neste fim de semana, as atletas têm a grande oportunidade: o Campeonato Pan-Americano de pole dance, dentro da feira esportiva trazida pelo ator Arnold Schwarzenegger ao Rio de Janeiro, a "Força Bruta". OEsporte Espetacular transmite algumas provas do evento.
O torneio, que passou pela aprovação do próprio Schwarzenegger, é organizado por Vanessa Costa, ex-bailarina, presidente da Federação Brasileira de Pole Dance (fundada em 2009), e professora de algumas das melhores atletas do país. Uma delas é a campeã nacional da modalidade, Bianca Santhany, de apenas 19 anos, que batalha desde cedo, mas sem jamais imaginar que viraria referência brasileira no que faz.
Nascida na comunidade Gardênia Azul, no Rio de Janeiro, Bianca deixou a casa dos pais ainda com 15 anos. Na hora de buscar um emprego, conseguiu um ''bico'' na recepção da academia de pole dance, na Barra Tijuca. Nas horas vagas, se aventurou com as demais atletas. E nunca mais parou. Para ser campeã brasileira, ela venceu suas compatriotas e garantiu presença em uma competição internacional, onde foi nona colocada entre mulheres de todo o mundo. A jovem se considera uma atleta de alto rendimento, mas sabe que tem de conviver com preconceito, na maioria das vezes causado pela falta de conhecimento.
- Espero que cada vez mais pessoas conheçam o pole dance com esse evento do Arnold. Muita gente ainda enxerga com preconceito, vou estar mentindo se negar isso. As pessoas pensam que pole dance é para quem trabalha em boate. Quando eu comecei, tinha 17 anos, nem poderia entrar em uma boate. Minha mãe me deu autorização por escrito. Eu me sinto incomodada com esse preconceito. Não sabem o quanto a gente treina - disse Bianca.
De origem humilde, Bianca transformou as barras de ferro em um caminho para mudar de vida. Além de atleta profissional, ela dá aulas na academia onde um dia foi recepcionista. Ela também alcançou o que considera o mais importante: se tornou motivo de orgulho para os familiares. Além de atleta e professora, a jovem ainda frequenta a escola.
- Minha família hoje se orgulha muito de mim. Não esperavam que eu fosse atleta um dia. Eles mesmo se surpreenderam comigo. No começo, principalmente minha mãe, achava que eu estava fazendo apenas uma dança, não levava muito com seriedade. Mas todo mundo, depois que assiste a uma competição, muda de ideia - completou.
O pole dance competitivo é inspirado em acrobacias que os indianos já fazem há milênios em um mastro de bambu. A modalidade exige manobras em uma haste com diâmetro menor que o de uma lata de refrigerante. Não são tão simples como uma dança de boate.
Cada uma das meninas que se aventura no pole tem uma história diferente. Renata Alfinito, por exemplo, tem 22 anos e cursa design em uma universidade particular do Rio. Ela pretende concluir a graduação, mas já sabe que a trilha que quer seguir tem a ver com o pole dance, sua paixão desde 2010. No "Força Bruta", Renata competirá entre as atletas da categoria profissional pela primeira vez.
- Eu demorei um ano e meio para contar ao meu pai. Porque as pessoas mais velhas, principalmente, não fazem a ligação do pole com o esporte. Expliquei para minha mãe que era uma atividade física e, hoje em dia, ela me apoia o tempo todo. Quando comecei a treinar profissionalmente, eu contei para ele que tinha virado atleta. Mostrei todas as regras, fotos, vídeos. E, agora, até meu pai quer saber como está meu treinamento. Ele vai lá na competição me assistir - lembrou Renata.
A equipe comandada por Vanessa Costa ainda conta com a massoterapeuta Indiara Silveira, Elaine Torrez, formada pela Escola Nacional de Circo, e Francine de Oliveira, personal trainer. Na competição deste fim de semana, as três disputam a categoria amador.
- São meninas que, embora tenham suas profissões, tem como objetivo poder viver do pole dance. Enquanto isso não acontece, elas vivem uma eterna superação - disse Vanessa, presidente da federação e treinadora.
Quando resolveu trazer campeonatos de pole dance para o Brasil, a presidente da federação criou um código de regras, onde os movimentos são divididos por graus de dificuldade. São esses níveis que dividem uma atleta amador de uma profissional.
- Criar o código de regras foi decisivo para normatizar o pole. Se querem que se torne um esporte, tem que ter regras, não pode ser subjetivo. Estamos querendo unificar agora. Quando a atleta for abrir o código, ela vai ver os movimentos que consegue fazer. Com isso, ela define se é amadora ou profissional.
No "Força Bruta", também haverá a ''Etapa Brasil'', onde 30 atletas de de seis estados do país estão inscritas. As três melhores profissionais e as três melhores amadoras vão ganhar vaga na competição das Américas. Além das brasileiras, o torneio conta com americanas, argentinas, canadenses, mexicanas e venezuelanas.
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